Após fugir de tentativa de estupro, menina cristã é acusada de roubo no Paquistão
- 11/12/2024
Um empresário muçulmano, que tentou estuprar uma uma cristã de 15 anos, acusou falsamente a adolescente e sua família de roubo, no Paquistão.
O caso ocorreu depois que a adolescente Muskaan Javed abandonou o emprego de doméstica na casa de Muhammad Kamran Haider, depois que ele tentou estuprá-la.
Javed Masih, pai da menina, disse ao Morning Star News: “Haider atacou minha filha em 17 de outubro, quando sua esposa e filhos não estavam em casa. Felizmente para nós, a chegada de minha esposa, Nasira Bibi, em sua casa salvou Muskaan de ser estuprada”.
Em estado de choque, a menina contou para a mãe o que aconteceu:
“Haider tentou agredi-la sexualmente, aproveitando que ela estava sozinha com ele na casa. Minha esposa ficou chocada ao ouvir isso, mas em vez de confrontar Haider naquele momento, ela decidiu me informar sobre o incidente primeiro”, contou Masih.
“Muskaan nos disse que Haider fez avanços sexuais e a assediou desde que ela começou a trabalhar em sua casa em setembro, mas ela estava com muito medo de nos contar”, acrescentou.
Após ser confrontado por líderes da comunidade, o muçulmano admitiu a tentativa de estupro e pediu desculpas, implorando para que os cristãos não fossem à polícia.
“Após seu pedido de desculpas, os líderes me pressionaram para perdoá-lo, dizendo que prosseguir com o assunto só traria desonra à minha família e comprometeria a reputação da minha filha. O medo pelo futuro de Muskaan me forçou a me render a eles”, disse Masih.
Acusação falsa
Após o ocorrido, a adolescente parou de trabalhar para o muçulmano. No entanto, no dia 16 de novembro, Haider registrou uma queixa alegando que ela havia roubado joias de ouro no valor de 3.583 dólares de sua casa enquanto estava trabalhando.
“Ele também citou o meu nome e o do meu filho, no boletim de ocorrência, alegando que confessamos o crime de Muskaan e também prometemos compensar sua perda”, relatou o pai.
De acordo com o cristão, o boletim de ocorrência era infundado e serviu como uma tentativa de puni-los por se recusarem a enviar a filha de volta ao trabalho.
Até aquele momento, a família permaneceu em segredo sobre a tentativa de estupro, porém, quando Haider os acusou de um caso falso, eles decidiram buscar proteção da justiça.
“Obtivemos fianças pré-prisão e nos juntamos à investigação, mas a atitude da polícia foi muito hostil conosco. O oficial investigador foi influenciado por Haider, por isso ele nem nos ouvia”, contou o cristão.
Um ex-ministro provincial cristão do distrito de Okara, Ejaz Augustine, entrou em contato com um policial sênior e solicitou uma investigação justa e transparente sobre as acusações. Sua intervenção levou à abertura de uma investigação sobre o caso por parte de um oficial de alta patente.
“Mais de 50 moradores da área deram declarações a nosso favor, confirmando nossa honestidade e integridade”, disse Masih.
E continuou: “Podemos ser muito pobres e necessitados, mas não somos ladrões. Estamos sendo submetidos a falsas alegações porque Haider acredita que podemos ser pressionados com essas táticas”.
“Muskaan ainda está se recuperando do trauma que sofreu nas mãos de Haider em 17 de outubro, mas essa acusação de roubo a deixou devastada. Nossos corações choram quando vemos nossa filha nessa situação, mas estamos desamparados e estamos buscando a Deus para nos ajudar”, acrescentou.
‘Alvo de seus empregadores’
Sobre a investigação, Augustine disse: “Antes que esse assunto fosse trazido ao meu conhecimento, a atitude da polícia era muito hostil em relação à família Christian”.
“No entanto, depois que intervim, a investigação foi entregue a um policial que me garantiu que garantirá uma investigação justa”, acrescentou.
Além disso, Augustine contou que não era incomum que pessoas influentes ou ricas no Paquistão usassem indevidamente a lei para intimidar suas vítimas, especialmente minorias vulneráveis.
“Os cristãos em Punjab são frequentemente alvos de falsas alegações se ousarem se posicionar contra seus poderosos opressores. Essas falsas acusações variam de acusações sérias, como blasfêmia, a alegações humilhantes de roubo”, afirmou ele.
Mulheres e meninas cristãs que trabalham como empregadas domésticas ou em olarias são frequentemente alvos dos empregadores.
“Isso ocorre principalmente porque os agressores acham que podem escapar impunes de qualquer coisa, já que suas vítimas são fracas demais para se opor a eles. Além disso, não há acesso fácil à justiça para os cristãos pobres, o que desencoraja muitos a sofrer em silêncio”, concluiu.
O Paquistão ficou em 7º lugar na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas de 2024 como um dos lugares mais difíceis para ser cristão.